O ENSINO DE FILOSOFIA
NO ENSINO FUNDAMENTAL:
MATTHEW LIPMAN E WALTER
KOHAN
Maria Andreia Carneiro Cruz
Bolsista do Subprojeto
PIBID Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN
Membro do Grupo de
Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica
Prof. Ms. Emerson Araújo de Medeiros
Supervisor do
Subprojeto PIBID Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN
Membro do Grupo de
Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica
Prof. Dr. José Teixeira
Neto
Coordenador do Subprojeto PIBID Filosofia, Campus
Caicó-CaC/UERN
Vice-líder do Grupo de
Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica
A
ideia do Programa de Filosofia para crianças - FpC foi criada pelo filósofo Matthew
Lipman a partir de uma tentativa de mostrar que é possível o ensino de
Filosofia com crianças. De acordo com Kohan (1998), Lipman criou uma série intitulada
Filosofia e Crianças que trata de uma educação voltada para o modo de pensar. Esta
série reflete sobre a prática de filosofia para crianças a partir das reflexões
teóricas que contribuem para o processo do pensar sobre essas mesmas práticas.
No Brasil o programa teve grande importância e hoje o país tem o maior número de práticas de filosofia para
crianças no mundo. É interessante uma busca investigativa dessa prática de
filosofia com crianças nas escolas públicas que, diferente das escolas
particulares, ainda não possuem no currículo a disciplina de filosofia no
ensino fundamental. (KOHAN, 1998, p.10).
Lipman desenvolve, no projeto de Filosofia
para crianças executado nas escolas públicas, um currículo na escola inserindo a
proposta do ensino de filosofia para criança. Contudo, existem desafios para
colocar a filosofia no ensino fundamental da escola pública. Essa inserção
seria
importante porque auxiliaria o aluno a desenvolver melhor seu pensamento desde
cedo. Os alunos poderiam construir
seu processo de conhecimento através de uma reflexão filosófica, por
terem capacidade própria de produzir suas ideias, nesse contexto, a filosofia
seria de grande valia.
De
acordo com Kohan (2002, p.158):
Os princípios
lógicos não devem ser trabalhados apenas na quinta ou sexta séries com o
argumento de que é nesse período que a criança tem uma maior capacidade para o
desenvolvimento do raciocínio lógico-formal. Lipman afirma, acertadamente, que
a lógica silogística deve ser trabalhada nessas séries pelo fato de que, nesse
nível escolar, os alunos já tem um maior domínio das regras da gramática.
Lipman
quando fala do pensar, mostra a importância do raciocínio lógico, trata
precisamente do ensino de lógica como uma maneira do aluno adequar-se melhor a
uma linha de raciocínio que se relaciona com a linguagem, que a partir dela
cria melhores habilidades para o desenvolvimento do seu raciocínio. Entretanto,
as crianças estão numa fase que se o filosofar for praticado desde cedo, a
prática do pensar teria mais facilidade de obter tais habilidades. A filosofia
para criança é necessária e eficaz para o processo educacional do ensino
filosófico e para propor valores e práticas de reflexão.
Segundo
Kohan, Lipman faz uma tentativa de levar a prática de filosofia às crianças e o
seu interesse era desenvolver a filosofia dentro da escola com uma metodologia
precisa propondo um currículo para as crianças terem acesso ao ensino de
filosofia. Aconteceram vários desafios e propostas para uma tentativa de tornar
a história da filosofia acessível para as crianças. O programa de filosofia
para crianças é uma iniciativa e investigação acerca de uma experiência
trabalhada com as crianças na sala de aula e a proposta é de levá-las ao processo
do filosofar.
Esse programa
inclui crianças desde a pré-escola e propõe uma reforma dos sistemas da
educação. Para Lipman, é preciso uma investigação para a compreensão da
filosofia e educação democrática; propõe a investigação como um novo paradigma
em educação para tornar as aulas como um meio de investigação filosófica. Kohan
mostra que as novelas de Lipman estabelecem um estado mental diante dos
personagens das novelas, através da prática com a filosofia faz com que as
crianças identifiquem mentalmente os conteúdos vistos com as suas habilidades para
uma melhor compreensão do pensar, e ajuda também para um olhar investigativo
através de questionamentos feitos perante as novelas assistidas. As crianças
podem aprender com seus questionamentos e opiniões acerca da prática do saber
pensar, os alunos se tornam crianças criativas, críticas e atenciosas a partir
dos questionamentos. Eles começam a dialogar através da investigação prática,
tornando o diálogo proveitoso e investigativo.
A prática da
Filosofia, o fazer filosofia é, segundo Lipman, ferramenta indispensável dessa
tarefa. Lipman não só fundamentou teoricamente o papel da filosofia na educação
das crianças, como também desenvolveu uma metodologia e um currículo para levá-la
às escolas. (KOHAN, 2008, p.15).
Kohan faz
uma experiência através de um projeto realizado com membros da equipe do Núcleo
de Estudos Filosóficos da Infância (NEFI). Esses membros de estudos filosóficos
visitaram as escolas públicas do município de Duque de Caxias-RJ. O trabalho
visava conhecer as possibilidades da realização do Projeto filosofia com
crianças e contou com a grande ajuda de professores e orientadores da referida
escola. Também houve apoio para a melhoria da escola que recebeu recursos para
comprar materiais para sala de aula, tendo uma sala específica para os
professores e crianças, chamada “sala de pensamento”. As professoras receberam
bolsas de auxílio para ter mais tempo para se dedicar ao projeto.
A Escola
Municipal Joaquim da Silva Peçanha e a Escola Municipal Pedro Rodrigues do
Carmo foram contempladas com uma sala do pensamento apropriada para diversas
atividades filosóficas. Nesse trabalho havia cursos de formação para os
profissionais interessados em pesquisa, extensão e ensino. O título do projeto
era “Em Caxias, a filosofia en – caixa?” Conforme Kohan, tudo isso seria
colocado em prática nas escolas do ensino fundamental, o envolvimento de uma
continuação de pesquisa na área de filosofia e educação. A prática de filosofia
com crianças seria fazer com que as crianças escutassem e discutissem na sala
de aula, de modo que todos interagissem com suas reflexões. O importante é fazer
questionamentos para abrir discussões; também é interessante o professor
questionar para encontrar as razões que as crianças podem transmitir através
desses questionamentos.
A
professora coordenadora Vanise Dutra Gomes vivencia as experiências filosóficas
das séries iniciais do ensino fundamental na escola de Duque de Caxias-RJ. O
projeto é planejado, avaliado e acompanhado pelos membros do NEFI, e acontece
pelas experiências filosóficas com as crianças, adultos e professores
participantes. Tal projeto é importante, pois tem contribuído para repensar a
prática pedagógica do ensino aprendizagem dos alunos, sendo desenvolvidas novas
metodologias na sala de aula.
É
válido ressaltar a relação que existe entre as ideias dos autores Lipman e Kohan.
Ambos criaram um projeto para a área da educação de filosofia para crianças e
com crianças. Lipman iniciou a trabalhar metodologias com o programa filosofia
para crianças, estabeleceu um currículo voltado para séries e novelas, com um
propósito investigativo de mostrar as ideias filosóficas através da história da
filosofia e do processo do filosofar, isso seria possível envolver as crianças
desde cedo a conhecer e a praticar a filosofia na escola. Já Kohan propôs um
projeto com membros do NEFI para vivenciar dentro da sala de aula o encontro da
prática do ensino de filosofia com crianças, onde teve toda a organização de
estrutura e apoio pedagógico. Eles buscaram experiências para um olhar
filosófico e uma prática que tiveram êxito dentro da sala de aula, o problema
seria a falta de políticas públicas que não pôde dar continuidade para a
efetivação de encaixar a filosofia no ensino fundamental. O objetivo deles é de
mostrar a possibilidade do ensino de filosofia com crianças na escola da rede pública,
uma filosofia que começa desde a pré-escola, e mostrando um novo olhar da educação
que poderia tornar os alunos autônomos da construção do seu próprio saber. Portanto,
os autores falam de uma proposta de experiência teórica e prática vivenciada por
professores que estavam em formação desse projeto, e tinha como objetivo
participar de pesquisas sobre filosofia para crianças com uma tentativa de
investigar a própria sala de aula.
FÁVERO, Alberto Altair;
RAUBER, José Jaime; KOHAN, Walter Omar. (Org.). Um olhar sobre o ensino de filosofia. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. 158p.
KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 2ª ed. Rio de
Janeiro: Lamparina, 2008.
KOHAN, Walter Omar; WUENSCH. Ana Míriam. Filosofia para crianças: A tentativa pioneira de Matthew Lipman. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. (Série filosofia na escola).
KOHAN, Walter Omar; OLARIETA,
Beatriz Fabiana. A escola pública aposta
no pensamento. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2012. (Coleção ensino de
filosofia; 4).
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