domingo, 19 de março de 2017

RESUMO EXPANDIDO APRESENTADO NA VII SEMANA DE FILOSOFIA DO CAMPUS CAICÓ/2016:


O ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO FUNDAMENTAL:

MATTHEW LIPMAN E WALTER KOHAN

 

Maria Andreia Carneiro Cruz

Bolsista do Subprojeto PIBID Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN

Membro do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica


 

Prof. Ms. Emerson Araújo de Medeiros

Supervisor do Subprojeto PIBID Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN

Membro do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica


 

Prof. Dr. José Teixeira Neto

Coordenador do Subprojeto PIBID Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN

Vice-líder do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica


 


A ideia do Programa de Filosofia para crianças - FpC foi criada pelo filósofo Matthew Lipman a partir de uma tentativa de mostrar que é possível o ensino de Filosofia com crianças. De acordo com Kohan (1998), Lipman criou uma série intitulada Filosofia e Crianças que trata de uma educação voltada para o modo de pensar. Esta série reflete sobre a prática de filosofia para crianças a partir das reflexões teóricas que contribuem para o processo do pensar sobre essas mesmas práticas. No Brasil o programa teve grande importância e hoje o país tem o maior número de práticas de filosofia para crianças no mundo. É interessante uma busca investigativa dessa prática de filosofia com crianças nas escolas públicas que, diferente das escolas particulares, ainda não possuem no currículo a disciplina de filosofia no ensino fundamental. (KOHAN, 1998, p.10).

Lipman desenvolve, no projeto de Filosofia para crianças executado nas escolas públicas, um currículo na escola inserindo a proposta do ensino de filosofia para criança. Contudo, existem desafios para colocar a filosofia no ensino fundamental da escola pública. Essa inserção seria importante porque auxiliaria o aluno a desenvolver melhor seu pensamento desde cedo. Os alunos poderiam construir seu processo de conhecimento através de uma reflexão filosófica, por terem capacidade própria de produzir suas ideias, nesse contexto, a filosofia seria de grande valia.

De acordo com Kohan (2002, p.158):

 

Os princípios lógicos não devem ser trabalhados apenas na quinta ou sexta séries com o argumento de que é nesse período que a criança tem uma maior capacidade para o desenvolvimento do raciocínio lógico-formal. Lipman afirma, acertadamente, que a lógica silogística deve ser trabalhada nessas séries pelo fato de que, nesse nível escolar, os alunos já tem um maior domínio das regras da gramática.

 

Lipman quando fala do pensar, mostra a importância do raciocínio lógico, trata precisamente do ensino de lógica como uma maneira do aluno adequar-se melhor a uma linha de raciocínio que se relaciona com a linguagem, que a partir dela cria melhores habilidades para o desenvolvimento do seu raciocínio. Entretanto, as crianças estão numa fase que se o filosofar for praticado desde cedo, a prática do pensar teria mais facilidade de obter tais habilidades. A filosofia para criança é necessária e eficaz para o processo educacional do ensino filosófico e para propor valores e práticas de reflexão.

Segundo Kohan, Lipman faz uma tentativa de levar a prática de filosofia às crianças e o seu interesse era desenvolver a filosofia dentro da escola com uma metodologia precisa propondo um currículo para as crianças terem acesso ao ensino de filosofia. Aconteceram vários desafios e propostas para uma tentativa de tornar a história da filosofia acessível para as crianças. O programa de filosofia para crianças é uma iniciativa e investigação acerca de uma experiência trabalhada com as crianças na sala de aula e a proposta é de levá-las ao processo do filosofar.

Esse programa inclui crianças desde a pré-escola e propõe uma reforma dos sistemas da educação. Para Lipman, é preciso uma investigação para a compreensão da filosofia e educação democrática; propõe a investigação como um novo paradigma em educação para tornar as aulas como um meio de investigação filosófica. Kohan mostra que as novelas de Lipman estabelecem um estado mental diante dos personagens das novelas, através da prática com a filosofia faz com que as crianças identifiquem mentalmente os conteúdos vistos com as suas habilidades para uma melhor compreensão do pensar, e ajuda também para um olhar investigativo através de questionamentos feitos perante as novelas assistidas. As crianças podem aprender com seus questionamentos e opiniões acerca da prática do saber pensar, os alunos se tornam crianças criativas, críticas e atenciosas a partir dos questionamentos. Eles começam a dialogar através da investigação prática, tornando o diálogo proveitoso e investigativo.

 

A prática da Filosofia, o fazer filosofia é, segundo Lipman, ferramenta indispensável dessa tarefa. Lipman não só fundamentou teoricamente o papel da filosofia na educação das crianças, como também desenvolveu uma metodologia e um currículo para levá-la às escolas. (KOHAN, 2008, p.15).

 

Kohan faz uma experiência através de um projeto realizado com membros da equipe do Núcleo de Estudos Filosóficos da Infância (NEFI). Esses membros de estudos filosóficos visitaram as escolas públicas do município de Duque de Caxias-RJ. O trabalho visava conhecer as possibilidades da realização do Projeto filosofia com crianças e contou com a grande ajuda de professores e orientadores da referida escola. Também houve apoio para a melhoria da escola que recebeu recursos para comprar materiais para sala de aula, tendo uma sala específica para os professores e crianças, chamada “sala de pensamento”. As professoras receberam bolsas de auxílio para ter mais tempo para se dedicar ao projeto.

A Escola Municipal Joaquim da Silva Peçanha e a Escola Municipal Pedro Rodrigues do Carmo foram contempladas com uma sala do pensamento apropriada para diversas atividades filosóficas. Nesse trabalho havia cursos de formação para os profissionais interessados em pesquisa, extensão e ensino. O título do projeto era “Em Caxias, a filosofia en – caixa?” Conforme Kohan, tudo isso seria colocado em prática nas escolas do ensino fundamental, o envolvimento de uma continuação de pesquisa na área de filosofia e educação. A prática de filosofia com crianças seria fazer com que as crianças escutassem e discutissem na sala de aula, de modo que todos interagissem com suas reflexões. O importante é fazer questionamentos para abrir discussões; também é interessante o professor questionar para encontrar as razões que as crianças podem transmitir através desses questionamentos.

A professora coordenadora Vanise Dutra Gomes vivencia as experiências filosóficas das séries iniciais do ensino fundamental na escola de Duque de Caxias-RJ. O projeto é planejado, avaliado e acompanhado pelos membros do NEFI, e acontece pelas experiências filosóficas com as crianças, adultos e professores participantes. Tal projeto é importante, pois tem contribuído para repensar a prática pedagógica do ensino aprendizagem dos alunos, sendo desenvolvidas novas metodologias na sala de aula.

É válido ressaltar a relação que existe entre as ideias dos autores Lipman e Kohan. Ambos criaram um projeto para a área da educação de filosofia para crianças e com crianças. Lipman iniciou a trabalhar metodologias com o programa filosofia para crianças, estabeleceu um currículo voltado para séries e novelas, com um propósito investigativo de mostrar as ideias filosóficas através da história da filosofia e do processo do filosofar, isso seria possível envolver as crianças desde cedo a conhecer e a praticar a filosofia na escola. Já Kohan propôs um projeto com membros do NEFI para vivenciar dentro da sala de aula o encontro da prática do ensino de filosofia com crianças, onde teve toda a organização de estrutura e apoio pedagógico. Eles buscaram experiências para um olhar filosófico e uma prática que tiveram êxito dentro da sala de aula, o problema seria a falta de políticas públicas que não pôde dar continuidade para a efetivação de encaixar a filosofia no ensino fundamental. O objetivo deles é de mostrar a possibilidade do ensino de filosofia com crianças na escola da rede pública, uma filosofia que começa desde a pré-escola, e mostrando um novo olhar da educação que poderia tornar os alunos autônomos da construção do seu próprio saber. Portanto, os autores falam de uma proposta de experiência teórica e prática vivenciada por professores que estavam em formação desse projeto, e tinha como objetivo participar de pesquisas sobre filosofia para crianças com uma tentativa de investigar a própria sala de aula.

 REFERÊNCIAS

 
FÁVERO, Alberto Altair; RAUBER, José Jaime; KOHAN, Walter Omar. (Org.). Um olhar sobre o ensino de filosofia. Ijuí: Ed. Unijuí, 2002. 158p.
 
KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 2ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2008.
 
KOHAN, Walter Omar; WUENSCH. Ana Míriam. Filosofia para crianças: A tentativa pioneira de Matthew Lipman. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. (Série filosofia na escola).


KOHAN, Walter Omar; OLARIETA, Beatriz Fabiana. A escola pública aposta no pensamento. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2012. (Coleção ensino de filosofia; 4).

 

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