ARTIGO APRESENTADO NO II CBPFIL/UFPE/RECIFE/2012:
A CRIANÇA QUE FILOSOFA
Alaci Bernardo Nascimento de Medeiros (UERN)[1]
Daniele de Moura Oliveira (UERN)[2]
José Francisco das Chagas (UERN)[3]
Maria Reilta Dantas Cirino (UERN)[4]
PALAVRAS-CHAVE: Filosofia. Criança.
Educação.
INTRODUÇÃO
As concepções voltadas
para a filosofia na infância vêm sendo enfatizadas no Sistema Educacional tanto
na Educação Infantil como nos anos iniciais do Ensino Fundamental através de
iniciativas de profissionais (KOHAN, 2000; LORIERI, 2000; WONSOVICZ, www.portaldafilosofia.com.br/, entre outros) que
valorizam a prática filosófica nas escolas, uma vez que, o currículo
educacional oficial do país não contempla a área de Filosofia em tais níveis de
ensino. Observamos nas publicações disponíveis sobre essa temática que tem
ficado a cargo de cada instituição inserir em sua proposta educacional
situações de experiências filosóficas.
Nesta
perspectiva, a priori buscamos nas concepções de Matthew Lipman uma
referência de como abordar a filosofia para a infância, tendo em vista ter sido
esse filósofo norte americano o primeiro a sistematizar uma proposta de
filosofia para a infância. Sabendo que existem outros posicionamentos voltados quanto
à prática filosófica para a criança, bem como cientes das críticas a essa
proposta, tais como Silveira (2001) e Ghiraldelli (2009) e os conceitos que se
tem com relação a essa temática sobre a possibilidade ou não das crianças
filosofarem. É importante destacar que considerar essa possibilidade somente é
possível a partir de uma concepção de infância, em que a mesma deixa de ser
vista como um ser imaturo, incapaz, sempre a sombra da figura do adulto.
Neste artigo, que é parte das
discussões empreendidas ao longo do Projeto de Pesquisa/PIBIC: “Filosofia na
Infância: perspectivas para o debate”, ofertado pelo Curso de Licenciatura em
Filosofia/UERN, Campus Caicó, no período de 2011-2012, nos ocuparemos em
apontar, partindo das leituras realizadas, as nuances desse encontro entre a
criança e a filosofia, mediante a análise da capacidade da criança para o
pensar, o currículo presente nessa
proposta e a adequada mediação do docente construindo uma relação educativa com
as crianças numa dimensão que ultrapassa
as barreiras e etapas do desenvolvimento entre o ensinar e o aprender através
da reflexão dialógica. Nesse sentido questionamos e buscaremos discorrer sobre:
Criança é capaz de filosofar? Como exercitar a criança no filosofar? O que
acontece com a criança que filosofa?
CRIANÇA
É CAPAZ DE FILOSOFAR?
O filósofo Comênio (1592-1670), em pleno século XVII,
foi o primeiro teórico a perceber a criança como um ser de sentimento e
inteligência. Posteriormente, Rousseau concebe a criança com potencial inerente
a sua natureza e que a educação deveria ser pensada respeitando as etapas
específicas do desenvolvimento infantil. (Nova Escola, 2008).
Apenas recentemente, a partir do
Século XVIII, de acordo com Ariés (2004, p. 23), começa a aparecer nos escritos
dos estudiosos o conceito de criança, como podemos perceber na afirmação
abaixo:
...
a civilização [...] não percebia um período transitório entre a infância e a
idade adulta. Seu ponto de partida, então, era uma sociedade que percebia as
pessoas de menos idade como adultos em menor escala.
Dessa forma, a criança era considerada
um adulto inacabado, por isso não se levava em conta sua capacidade intelectual
de pensar. A priori, para o
filósofo Aristóteles só os homens (adultos) são capazes de filosofar. Mas esse
adulto em que a criança era considerada baseava-se em um “adulto” que servia
apenas para obedecer a ordens do cotidiano doméstico. Incapaz de expor suas
necessidades, vontades, opiniões.
Kohan (apud SARMENTO e GOVEIA, 2009, p. 45) nos lembra
em seu escrito “Infância e Filosofia” que “... para Aristóteles toda criança é
inacabada, incompleta, imperfeita por natureza e essa falta de completude
estende-se aos planos ético e político”. Encontrando-se em nível mais baixo na polis
e por ser seres energéticos (munido pelas sensações) o mundo da razão para as
mesmas, não teria espaço, já que exigiria mais da concentração racional nas
indagações políticas e éticas.
Quando a criança passa a ser vista em
seu contexto de infância, ou seja, a partir de necessidades específicas para
essa etapa do desenvolvimento infantil, as concepções e estudos sobre as mesmas
foram se modificando e os olhares e atividades dos adultos voltavam-se para um
ser que, apesar de tenra idade, é capaz de conceber e transformar o mundo que a
cerca. Nesse sentido é que a Filosofia na infância deve ser compreendida: seres
que apesar de em uma etapa inicial de seu desenvolvimento tem em si a
capacidade desenvolver o pensar, a reflexão sobre as coisas. Assim, a Filosofia
na infância é proposta como uma prática. Nas palavras de Kohan (2008, p. 15):
“Deve-se entender, portanto, a expressão filosofia
para crianças,(sic) [...], como uma tentativa de levar a prática da
filosofia às crianças, tentativa de tornar a história da filosofia acessível
para que as crianças filosofem com ela.”
E ainda Lipman (1990, p. 13) assevera:
... a filosofia oferece às crianças a
oportunidade de discutir conceitos, tais como o de verdade, que existem em
todas as outras disciplinas mas que não são abertamente examinados por nenhuma
delas. A filosofia oferece um fórum no qual as crianças podem descobrir, por si
mesmas, a relevância, para suas vidas, ...
A relação entre a Filosofia e a infância é possível a
partir da consideração da natural postura de admiração, curiosidade e de
questionamento infantil, bem como a sua capacidade de reflexão e de
pensar. Segundo Lipman (2001), essa capacidade é natural no ser humano e
esse autor afirma que, diferente de outras habilidades naturais, o pensar, pode
ser aprimorado: “O pensar é natural mas também pode ser considerado uma
habilidade passível de ser aperfeiçoada (LIPMAN, 2001, p.34). Neste
contexto, a criança passa a ser considerada como capaz de agir, atuar, opinar e
refletir as coisas de seu cotidiano. Assim podemos perceber que tais aspectos
geram a perspectiva de uma atividade filosófica para a infância.
Neste mesmo prisma, o filósofo John Dewey (1859-1952),
percebe a criança como um ser pensante, de ação, numa perspectiva global, capaz
de comunicar-se com o outro através do diálogo e das experiências cotidianas.
...,a vida da criança é integral e unitária: é
toda única. Se ela passa , a cada momento de um objeto para outro, como de um
lugar para outro, o fará sem nenhuma consciência de quebra ou transição. Não há
isolamento consciente, nem mesmo distinção consciente. A unidade de interesses
pessoais e sociais que dirigem a sua vida mantém coesa todas as coisas que a
ocupam. Para ela, aquilo que aprende seu espírito constitui no momento, todo o
universo, que é assim, fluído, desfazendo e refazendo-se com espantosa rapidez.
(DEWEY,1965, pp.43-44, apud Westbrook,R.B. John Dewey,2010,p.70).
Percebemos, desta forma, a infância
(criança), não mais como objeto e sim, sujeito pensante que abre espaço
para um pensar filosófico, no qual a filosofia também faz parte de seu mundo,
pois a pensa, produz, reflete, transforma, duvida, através de um processo
constante e inacabado.
Mediante as
investigações sobre o pensamento infantil e as descobertas realizadas ao longo
dos anos através de estudos e práticas, em especial, recentemente as reflexões
de Lipman sobre esse diferenciar sistemático do filosofar infantil, pode-se
afirmar que: sim, a criança é capaz de filosofar!
COMO
EXERCITAR A CRIANÇA NO FILOSOFAR?
Historicamente,
quando a infância passou a ser considerada em suas especificidades, como já
apontado anteriormente, a Educação passa a ter uma nova postura educacional
quanto à participação das crianças no processo de se obter conhecimentos,
preocupando-se, assim, com os conteúdos e metodologias a serem adotadas e, em
especial, a postura de educadores. Havendo desta forma uma preocupação com o
pensamento infantil, buscou-se como seria a participação da criança mediante as
coisas que acontecem no mundo a sua volta. Então, como buscar dela essas
respostas? E como tornar possível a sua participação efetiva em seu cotidiano?
Nesta
perspectiva Lipman, propôs exercitar o ato de filosofar, desde a infância,
elaborando para isso, material específico denominado de novelas filosóficas.
Nas novelas se busca por meio de histórias, com temáticas que estão presentes
no cotidiano das crianças, envolvendo situações em que as mesmas através do
diálogo reflexivo constroem seus conceitos sobre verdade, mentira, vida, morte,
ganhar, perder, bem, mal, entre outras que envolvam sensações, racionalidade
que perpassam pelas questões de ética, política, valores e crenças presentes na
realidade da vida infantil. Lipman (2001,
pp.146-147), assim identifica o potencial de suas novelas
filosóficas:
Um dos méritos das novelas do
programa de Filosofia para Crianças é que oferecem modelos de diálogo, tanto
entre crianças como entre crianças e adultos. São modelos não- autoritários e
não-doutrinadores, que respeitam os valores da investigação e do raciocínio,
incentivam o desenvolvimento de modos alternativos de pensamento e imaginação, e descrevem como
seria viver numa comunidade onde as crianças
tivessem seus próprios interesses e se respeitassem como pessoas capazes
de, às vezes, participarem de uma investigação cooperativa sem nenhuma outra
razão que a satisfação que têm em fazê-la.
Por
isso os temas e discussões propostas preocupam-se, primeiramente, com o
pensamento infantil, ajudando as crianças a descobrirem que podem pensar e
pensar de forma organizada, crítica e criteriosa. Nas discussões filosóficas,
as mesmas, passam a pensar sobre o seu pensar e por isso, sistematizam suas
ideias e reflexões de forma dialógica. Assim, considerando sempre seus
conceitos já formados como possibilidades para novos, mediante as discussões de
temas que estão presentes em seu cotidiano. Mas, esta prática só é possível
quando existe uma proposta voltada para que as crianças possam aprender, uma
com as outras, e, principalmente, aprender a saber ouvir, pensar, falar e
respeitar o outro, seja com sua opinião ou omissão nos momentos de diálogo. Por
isso é imprescindível o papel do adulto mediador, o mesmo, precisa ter
habilidade e saber como posicionar-se, mediante as discussões, gerando um
ambiente de confiança, dando espaço aos questionamentos, reconhecendo
oportunidades de intervenção nos momentos em que as ideias podem ser ampliadas,
compartilhadas e reforçadas. (LIPMAN, 2001).
Lipman (2001, p.151) afirma
que: “... o professor tem que ter em mente, as distinções [...] entre
discussões científicas, religiosas e filosóficas, além de manter essas sutis
distinções como guias ao incentivar as crianças a pensarem filosoficamente.”
Desta forma o papel do
educador(a) é imprescindível como formador(a) da elaboração do pensar
filosófico das crianças, uma vez que, o diferenciar entre filosofar e o apenas
evidenciar posições, perpassam por situações complexas da individualidade como,
por exemplo, as concepções e reflexões das ações humanas no mundo. Por isso,
Lipman (2001, p.151),
nos lembra que:
O professor deve estar consciente
de que o que começou como uma discussão filosófica pode facilmente
transformar-se numa disputa sobre informação, factual que só pode ser liquidada
buscando a evidencia empírica disponível. Uma vez que a discussão haja tomado
esse rumo, o papel do professor é sugerir onde a evidencia empírica pode ser
encontrada, em vez de continuar especulando.
O(a)
professor(a) mediador(a) das discussões filosóficas precisa ter consciência de
sua responsabilidade enquanto mediador(a) dialógico, buscando desta forma
apontar possibilidades filosóficas ou não que poderão surgir mediante as
discussões e saber posicionar-se de forma clara, interferindo de maneira a
instigar sempre uma discussão pautada no conhecimento filosófico, para tal, é
preciso à disponibilidade do mesmo e a postura dialógica de real interesse
pelas opiniões infantis.
Esse princípio requerido
do(a) docente/mediador está presente na afirmação de Lipman (1990, p.173),
quando aponta que “O ensino da filosofia requer professores que estejam
dispostos a examinar idéias, (sic) a comprometer-se com a investigação
dialógica e a respeitar as crianças que estão sendo ensinadas”.
Segundo Lipman (ibidem)
os métodos utilizados pelos professores no Sistema Educacional vigente não
levam ao diálogo filosófico, tão pouco os professores do contexto atual estão
dispostos a apreciar as ditas
discussões intelectuais das crianças, muito menos o raciocínio
infantil, o qual é considerado imaturo pela maioria dos docentes.
Nesse sentido abre-se
espaço para propor um currículo voltado à criança que é capaz de pensar e
pensar de forma sistematizada, uma vez que as concepções que se tinha sobre as
mesmas, atualmente, estão sendo revistas e as possibilidades das mesmas filosofarem
vem sendo consideradas. A criança passa a ser autora da sua própria história,
por isso, suas considerações sobre o mundo que a cerca, passam a ser consideradas.
Pois as mesmas são seres de possibilidades. Chauí (2001, p.155), quando retrata
a inteligência humana advindas das experiências do psicólogo Köhler, retrata a
criança como um ser capaz de: “... se relacionar com o tempo e transformar seu
espaço por essa relação temporal. A criança representa seu mundo e atua
praticamente sobre ele. Sua inteligência difere, portanto, da do animal”. (Chauí, 2001, p.155).
Neste pensar infantil, é
aberto espaço para a curiosidade que as crianças tem sobre as coisas a sua
volta e muitos estudiosos identificam na curiosidade infantil o espírito
filosófico. Os(as) educadores(as) precisam desta inspiração para que o
filosofar se torne fonte de descobertas inacabadas e prazerosas nos diálogos
coexistentes entre professor(a) e aluno(a).
Para complementar sobre
esse aspecto da natural curiosidade, na qual a filosofia nos faz habitar, encontramos
suporte também nas palavras de Freire (2004, p. 86), quando atribui ao diálogo
grande potencial educacional. É no exercício dialógico do(a) educador(a) e do(a)
educando(a) arraigados do pensar movido pela curiosidade e indagações
regadas na filosofia da vida no mundo, em especial, no mundo infantil.
Nesse sentido, o autor afirma:
Estimular a pergunta, a reflexão
crítica sobre a própria pergunta, o que se pretende com esta ou aquela pergunta
em lugar da passividade em face das explicações discursivas do professor, espécies
de respostas a perguntas que não foram feitas. Isto não significa
realmente que devemos reduzir a atividade docente em nome da defesa da
curiosidade necessária, a puro vai-e-vem de perguntas e respostas, que
burocraticamente se esterilizam. A dialogicidade não nega a validade de
momentos explicativos, narrativos em que o professor expõe ou fala do objeto. O
fundamental é que o professor e alunos saibam que a postura deles, do professor
e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não passiva,
enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e alunos se
assumam epistemologicamente curiosos. (FREIRE, 2004, p. 86).
Por isso, a proposta
curricular de Lipman só vem a contribuir com esse pensamento com relação à
competência infantil e a postura da mediação do(a) educador(a) nesta
perspectiva, uma vez que, mediante os estudos e experiências apontados nessa
discussão, levam em consideração esses três aspectos: o pensar infantil, a
metodologia abordada e a postura do(a) educador(a).
O
QUE ACONTECE COM A CRIANÇA QUE FILOSOFA
Levando
em consideração os estudos pautados na capacidade do pensar infantil, o
currículo e a postura do(a) educador(a) mediante a prática filosófica,
objetivam-se que a participação e posturas das crianças se aprimorem cada vez
mais, através do processo dialógico.
Nesta perspectiva, as
crianças serão capazes de expor suas opiniões contrárias se acharem que os
conceitos estabelecidos nas discussões foram definidos de maneira incorretas.
Poderão desenvolver um pensamento questionador na troca das experiências uns
com os outros - relação intrapessoal e com elas mesmas – relação interpessoal.
Serão assim capazes de saberem o momento de omissão em determinada situação, ação,
questão, mediante as indagações, considerações ao longo do processo de
investigação filosófica.
Esses procedimentos terão
o potencial de fazer com que as crianças não se sintam inibidas em sugerir
meios e/ou fins de se chegarem ao processo investigativo e/ou reflexões ao tema
em questão. Sentindo-se capazes de lidar com questões de forma mais profunda,
disponibilizando-se a um pensar abrangente, criterioso, sistematizado, e, acima
de tudo, reflexivo. Assim a autonomia antes negada, passa a ser critério de
formação e de desenvolvimento. Mas, o que caberia neste sentido dizer que a
criança passaria a ser autônoma? Torna-se necessária a compreensão sobre o que
viria ser autonomia. Japiassú (1996, p. 21), identifica que autonomia é a “Liberdade
política de uma sociedade capaz de governar-se por si mesma e de forma
independente, quer dizer, com autodeterminação.”
Buzzi (2000) ao analisar
a possibilidade de desenvolvimento da autonomia mediante o propósito de uma
metodologia filosófica entre mestres(as) e alunos(as), considera que a
autonomia ocorre em momentos/situações vivenciadas em nosso dia-a-dia passando
pelos aspectos da força de vontade, do cuidar e cuidado, passando pelo sentido
da existência de uma comunicação universal humana. Vejamos nas palavras do
autor:
A autonomia na sua ‘qualidade
interior’, proveniente do poder da vontade, por decisão indivisível, imerge
no fluxo da realidade e se instala na dinâmica de sua regência. É total
comunhão por essa imersão absorve em si o vigor nascido do
sentido originário, sempre fascinante e misterioso. (BUZZI, 2000, p.141).
A criança, desse modo,
passa a ter liberdade de pensamento, cuja capacidade de raciocinar e dialogar
trabalhada no currículo educacional incluindo uma proposta filosófica, permite
que ao longo do processo sinta-se capaz de compartilhar suas dúvidas, curiosidades
e saberes de forma investigativa e reflexiva, havendo, desta forma, um olhar
mais apurado, ou seja, sistematizado diante das coisas que acontecem no mundo a
sua volta e, principalmente, sem a preocupação de está expondo seu pensamento
de forma errônea, uma vez que, o diálogo filosófico fará parte de sua
rotina, não apenas escolar, mas de vida. Consubstancialmente, é na relação com
o outro que tudo acontece.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
tendência a renegar o pensar infantil e, consequentemente, não apostar numa
proposta filosófica são enraizados ainda no presente do cotidiano escolar. Por
isso os “por quês?” tão presentes na infância, são ignorados por muitos e,
principalmente, negados ou respondidos com autoritarismo, buscando reproduzir
uma forma única de pensamento. Levar à Filosofia para a escola, é assumir para o
docente/mediador(a) e para o outro – a criança - o imprevisível; é assumir uma
postura constante de convivência com a
diferença de saberes dinamicamente, que se deixam levar em buscas das questões
que envolvem a existência humana das coisas presentes no mundo: ouvindo,
falando, agindo, sentindo, complementando, refletindo, transformando e
compreendendo que os conceitos, concepções, em especial, na Filosofia acontecem
de forma inacabável. Desta forma, sempre irá existir os eternos “por quês?” que
tanto as crianças de forma curiosa e maravilhada nos presenteiam
ininterruptamente.
Com
base nas reflexões e discussões promovidas ao longo do nosso projeto de
pesquisa, foi possível identificar, através da investigação de um olhar
filosófico voltado ao mundo infantil, como as concepções do ser criança, as
práticas educacionais e as posturas das pessoas (educadores(as) e indivíduos),
mediante os discursos e práticas comportamentais, que impõem valores,
políticas, conhecimentos, entre outros assuntos, que fazem parte da existência
humana, se modificaram e vem sendo transformados ao longo da história e do
eterno filosofar.
As
acepções que permeiam as crianças, neste eterno olhar questionador, ultrapassam
as barreiras do tempo e espaço do limitado conhecimento das concepções humanas,
sejam estas educacionais ou não, em que os modelos adotados são discutíveis e o
olhar infantil, mediante as coisas que acontecem no mundo passa a ser
considerado.
Abre-se, assim, um espaço
transformador na perspectiva educacional e vida cotidiana dessas crianças como
protagonistas desse cotidiano como: reflexivas, transformadoras do mundo que as
cerca, cujo, o processo dialógico filosófico pode acontecer, sim, na infância.
E nós, educadores(as), através de um currículo específico somos mediadores(as)
de conhecimentos, e nas trocas com o filosofar infantil, nos tornamos também
aprendizes.
REFERÊNCIAS
BUZZI,
Arcângelo R. Filosofia para principiantes. 11 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
FREIRE,Paulo.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 30 ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2004.
GHIRALDELLI
Jr., Paulo.
O que é Filosofia para crianças. In: Construir Notícias. Ano 8,
maio/junho de 2009. Multi Marcas Editoriais Ltda. Recife/PE. pp. 5-7.
JAPIASSÚ, Hilton. Dicionário básico de
filosofia. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1996.
KOHAN,
Walter O. & KENNEDY, David. (org.).
Filosofia e Infância,
possibilidades de um encontro.
v. 3, Petrópolis, Vozes, 2000.
________. A filosofia na sala de
aula. São Paulo: Nova Alexandria, 2001.
NOVA ESCOLA. Grandes
Pensadores: a história do pensamento pedagógico do Ocidente pela obra de seus
maiores expoentes. Edição especial. Julho/2088. Abril. São Paulo, SP. 78p.
SILVEIRA, René José Trentin. A Filosofia vai à Escola? Autores Associados, 2001.
SALES, Conceição
Gislâne Nóbrega de. Infância e
Filosofia: Um encontro possível? O que dizem as crianças. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/32ra/
Acesso
em 11/08/2012, às 16h:00min.
Acesso
em 15/08/2012 às 19h:31min.
[1] Membro do Projeto de Pesquisa PIBIC,
“Filosofia e infância: perspectivas para o debate”/DFI/UERN. E-mail: alaci.pedagogia@hotmail.com
[2] Membro do Projeto de Pesquisa
PIBIC, “Filosofia e infância: perspectivas para o debate”/DFI/UERN. E-mail: danmour27@yahoo.com.br
[3] Professor do Curso de Licenciatura
em Filosofia-DFI/UERN e membro do Projeto de Pesquisa PIBIC, “Filosofia e infância: perspectivas para o
debate”/DFI/UERN. E-mail: dedasouza1@gmail.com
[4] Professora do Curso de
Licenciatura em Filosofia-DFI/UERN e coordenadora do Projeto de Pesquisa PIBIC,
“Filosofia e infância: perspectivas para o debate”/DFI/UERN. mariareilta@hotmail.com
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