domingo, 19 de março de 2017

RESUMO EXPANDIDO APRESENTADO NA VII SEMANA DE FILOSOFIA DO CAMPUS CAICÓ/2016:

FILOSOFIA NA INFÂNCIA

 

Carmélia Teixeira de Sousa

Aluna do Curso de Licenciatura em Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN;

Bolsista voluntária do PIBIC:

Projeto - Filosofia com crianças: pensamento e experiência na escola?;

Bolsista do subprojeto PIBID Filosofia Campus Caicó-CaC/UERN;

Membro do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica.


 

João Marcelo Soares de Sousa

Aluno do Curso de Licenciatura em Filosofia, Campus Caicó-CaC/UERN;

Bolsista voluntário do projeto PIBIC:

Projeto - Filosofia com crianças: pensamento e experiência na escola?;

Bolsista do subprojeto PIBID Filosofia Campus Caicó-CaC/UERN;

Membro do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica.


 

Prof. Esp. Sueny Nóbrega Soares de Brito

Supervisora do subprojeto PIBID Filosofia Campus Caicó-CaC/UERN;

Membro do Grupo de Pesquisa Ensinar e Aprender na Educação Básica.


 

 

O presente trabalho tem por objetivo expor os conceitos de filosofia e infância na concepção de Matthew Lipman por meio das obras de Walter Omar Kohan, Filosofia para crianças, 2ª e 3ª edição, e Filosofia na escola pública. Considerará os aspectos históricos da formação dos referidos conceitos, a partir da perspectiva de que o saber pensar constitui um importante papel na vida escolar das crianças. Em meio a problemática que envolve a iniciação da filosofia na educação infantil, há uma necessidade de pensar em um profissional adequado para ministrar as aulas.

 

1 PROGRAMA FILOSOFIA PARA CRIANÇAS

 

              Em 1960 o filósofo norte-americano Matthew Lipman se tornou o primeiro a pensar na contribuição da filosofia para formação integral do indivíduo durante a infância, sistematizando a prática da filosofia para a educação das crianças. Dessa maneira, criou um programa de filosofia voltado a uma Educação para o Pensar. Em Kohan (1998), há algo em comum entre as crianças e os filósofos: a capacidade de se maravilhar com o mundo.

              O programa filosofia para crianças tem por objetivo desenvolver a capacidade de pensar melhor, buscando incentivar as crianças e jovens a exercerem um pensamento reflexivo, rigoroso, crítico, profundo, criativo, cuidadoso, contextualizado e autocorretivo. Existe, naturalmente, na Filosofia um convite ao raciocínio e a refletir sobre os próximos pensamentos, ou sobre a atividade mental de si mesmo que, quando exercitada, nos leva ao pensamento reflexivo e autocorretivo, dessa forma, há o ensejo de criar um método capaz de aprimorar as habilidades do pensar.

 

2 CONCEPÇÕES DE FILOSOFIA E INFÂNCIA E CARACTERÍSTICAS DO PROFISSIONAL A ATUAR

 

              Afinal, qual é o conceito de infância? A infância tem sido historicamente compreendida como uma fase muito importante da vida humana na qual reúne as características essenciais que guiarão toda a conduta das fases seguintes e que marcarão de forma crucial toda a esfera do comportamento do indivíduo tanto em sua interioridade e subjetividade, quanto nas suas relações sociais objetivas. As crianças são filósofos inatos não apenas porque perguntam e se inquietam com as certezas, mas também porque são seres capazes de pensar de forma crítica, criativa e cuidadosa.

              Quanto a filosofia, qual a concepção adotada? Em Kohan (1998) é colocado a concepção de Lipman a respeito de filosofia, caracterizando-a como o pensar sobre o próprio pensar, sendo necessário ter conhecimento da lógica do pensar para poder praticá-la. Apenas a filosofia pode estabelecer seus próprios métodos para resolver suas próprias questões, não servindo somente à democracia, porém, sendo propriamente uma prática coletiva e democrática.

              De acordo com as concepções de filosofia e infância, interpreta-se que a filosofia para crianças é uma tentativa de conceber um filosofar entre crianças e adolescentes, um pensar sobre o próprio pensar.

               Sendo assim, almeja que as metas filosóficas sejam também metas educativas, proporcionando um aperfeiçoamento na forma de questionar e interrogar. A filosofia por se ocupar do próprio pensar, contribui para a transformação das pessoas que a praticam dentro e fora da escola. 

              Em Kohan (2000), o filosofar e a construção coletiva de saberes, no convívio com as crianças, se complementam com o saber teórico a respeito de infância, filosofia e pedagogia. Com relação ao papel do professor, Kohan (2000, p. 95), afirma:

Não se trata de reproduzir conteúdos ou doutrinas filosóficas da forma como foram apropriadas. Trata-se, de modo oposto, do reconhecimento do não-saber diante das questões e situações problematizadas pelas crianças em suas investigações. Ao professor cabe envolver-se na busca de significados e novos sentidos para o dia-a-dia compartilhado com as crianças, cabe torna-se um co-investigador. Isso não impede que ele atue como coordenador das discussões preparando as aulas, selecionando materiais didáticos, elaborando instrumentos avaliativos, preparando perguntas de aprofundamento, enfim, envolvendo-se previamente com a aula. Isso não também não lhe confere uma posição de neutralidade ou não-envolvimento com a organização do trabalho pedagógico e filosófico a ser realizado.

 

              Dessa forma, o professor tem a função de mediador, atribuindo um sentido de colaborador. O docente deve basear sua postura filosófica em um alicerce de estudos, experiências e reflexões. É preciso que as crianças estejam envolvidas na aula desde o planejar ao fazer, isso não retirará o papel do professor, mas, tornará o processo mais eficaz.

              Diante da problemática exposta, é observável que, na concepção de Lipman e Kohan, a introdução da filosofia na infância proporciona as pessoas melhores condições de se conhecerem desde a mais tenra idade, tomando suas decisões sem a obrigatoriedade de seguir um modelo social já estabelecido, fazendo com que a infância se torne um período de maior desenvolvimento e nas fases seguintes venham a ter habilidades de crítica, investigação e desnaturalização. A criança, em si, por ser considerada um sujeito capaz de adquirir significação desenvolverá um maior senso crítico ao ter acesso a filosofia, única disciplina capaz de pensar sobre o próprio pensar.

 
REFERÊNCIAS:

 KOHAN, Walter Omar. Filosofia na escola pública. 2ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

 KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 2ª ed. Rio de Janeiro: Editora Lamparina, 2008.

 KOHAN, Walter Omar. Filosofia para crianças. 3ª ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1998.

 

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